segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Elegância (Música)


Irei ao encontro da dor
Trajando garbo e terno
Nadando em sangue de amor
Profuso sangrar eterno
Você me intimou e eu fui
Sem grunhir, um zumbi todo entregue
Minhas pernas foram espinhal adentro
Pisando, cortando, queimando
Espectro etéreo
Ruindo interno
Falso belo em genética Gray
Rosto errado soando brando
De vitral anjo vivendo em inferno
Desfilando, cambaleando
Ruindo interno,
Chegando falei:
Olhe, não me importo,
Aqui estão alcool e isqueiro
O alvo e o faqueiro
Mire com sua insensatez incerta
Você me fez duro, não me fez pedra
Crave, rasgue, não pare,
Se assim lhe convier
Piedade, hei clamar embalde
Mas loucura vier
Ao lado estão
Algodão e a cura
A linha e a agulha
Se é pra morrer de amor, Amor
Tal mortalha costura
Irei qual amor eterno
Mas com garbo e impecável terno.

Ps: Isto é uma música

domingo, 23 de maio de 2010

Motor


Para, caralho!
Para, carro!

Que estranho ir. Menos que ir, ser levado.
Que estranho ser lavado.
Ser tão alheio...
Ter tão arreio...
Quisera pisar no freio
Só quisera
Que falta? O pisar?
O que falta?
Falta acelerar?
Dobrar, talvez...
Guiar, em vez...
Ora, que audácia me desviar seria!
Fugir do fado do fim do dia.
Questionar se o destino é bom,
Desfazer o que elejo dom.
Seguir descomplicado,
O caminho sinalizado
Angustiantemente simples assim
Tão simples quão tão vilão de mim
Para, carro!
Prestes, o fim
Tão etéreo
Jazendo em mim tão incerto
Me esperando em paciência
Em tudo se há fim em latência
Há embalde estrada
Hei embalde em debandada
Quisera quebrar o volante
Quisera sair
E viver andante
Destoar, me fazer de ruido
Enxergar sem aquele vidro
Diáfano
Queria estar mais distante
Do carro
Quisera ser só andante
Arcar o escarro
Queira pingar em mim,
Chuva!
Quem dera temporal!
Correr
E gritar
E correr
Sem motivo
Sem motor
Sem placas
Sem fachadas
Sem fechadas
Sujar meus pés de lama
Sujar meu nariz de lama
Lambê-la
Embrenhar numa selva verde
Pular todas as paredes
Pisar em qualquer lugar
Que não esse tapete
Tão preto
Tão opaco
Tão chato
Queria poder gritar
Me rasgar em falsete
Sorrir em quando o mundo dança
Cortar o cinto de segurança
Com os dentes
Que estranho ser dormente
Demente
De mente tão fraca
Empurra a faca
E mente
Sentado tão confortavelmente
No encosto do carro
No estorvo do carro
Com preguiça imensa,
Somente pensa:
'Para, caralho
Para, carro'."

domingo, 10 de janeiro de 2010

Ponto (Música)


O quanto vale olhar o céu?
E devanear às estrelas?
Às vezes pode ser cruel
Chorarmos ao vê-las

E entender que somos assim:
Tão ínfimos
Frívolos quão ponto de cruz
Tão lúcidos

Mas que há de convir a vileza
Roubar de cada ponto um pouco de beleza
Lograr do brilheiro a candura
Alumiar as asas escuras


O quanto vale olhar o céu
E divagar ao luzeiro?
Rabiscar a vida num papel
Qual cometa ligeiro

Ascender do chão em partida
Na ilusão d'outro céu emerso
Tingir de viver a vida
Na extensão do universo